Chegou a hora de utilizar a reserva de emergência? Avalie o seu momento
Como estão as suas finanças nestes tempos de pandemia? Afinal, como saber se esse é o momento certo de utilizar sua reserva de emergência?
Postado em: 22/06/2020
Tempo de leitura: 9 minutos.
A reserva de emergência, você já sabe: é o primeiro investimento que a gente deve fazer na vida, a fim de evitar o colapso financeiro em caso de imprevistos. Acontece que, com a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus, muita gente está em pânico e recorrendo à reserva de emergência até mesmo antes de necessitar dela de fato.
Esse temor causado pelas incertezas no futuro não é exclusividade das economias domésticas. A macroeconomia também é regida pelo “humor” das bolsas de valores em todo o mundo, o que acaba conduzindo o comportamento dos mercados e, por consequência, dos investimentos.
O fato é que a sociedade está vivenciando um período de recessão global sem precedentes, e países, empresas, bancos e investidores – e até mesmo nós, simples humanos – estão precisando reorganizar as finanças para poder seguir em frente e superar a crise.
Então, como saber se o momento que você está vivenciando é a hora certa para sacar a sua reserva de emergência?
O que é reserva de emergência?
Primeiramente, vamos recapitular o que é, afinal, uma reserva de emergência. Já mencionamos, anteriormente, de forma resumida, que se trata do primeiro investimento que devemos realizar para evitar imprevistos. Mas ela é um pouco mais complexa do que isso.
Nós já abordamos esse tema no artigo Fiquei desempregado em função da crise. Devo resgatar meu investimento?, onde dissemos que a ideia desse investimento é que ele seja o suficiente para cobrir seis meses de despesas básicas, como luz, água, alimentação, aluguel, entre outras.
Para isso, a reserva de emergência precisa ser aplicada em investimentos de alta liquidez, ou seja que sejam fáceis de resgatar imediatamente no momento em que você precisar desse recurso.
Por outro lado, deixar o dinheiro parado na poupança não é uma boa alternativa. Apesar da poupança ter essa alta liquidez desejada, o dinheiro parado lá não rende, pois a rentabilidade dessa aplicação vem perdendo até mesmo para a inflação nos últimos anos.
Aliás, isso nós também já abordamos no artigo Rendimento da poupança ainda vale a pena?, onde dissemos que caderneta de poupança é economia, mas não investimento. Afinal, como dissemos, “o fato é que, se você colocar na ponta do lápis, vai ver que seu dinheiro parado na poupança não está rendendo quase nada. Aliás, se você descontar a inflação, vai perceber até que está perdendo dinheiro”.
Previdência privada não é reserva de emergência
Então você já sabe: quer fazer uma reserva de emergência, existem outros investimentos mais indicados que a poupança. E não, nós não seremos irresponsáveis de te indicar a previdência privada para fazer a sua reserva de emergência. Não é porque trabalhamos com este investimento especificamente que vamos querer enganar você.
A previdência privada também não é indicada para você investir a sua reserva de emergência, isso porque ela não é um investimento com alta liquidez, e a sua grande atratividade para rentabilizar é justamente o longo prazo, quando você paga menos impostos e taxas por deixar o seu dinheiro aplicado por mais tempo.
De previdência privada nós entendemos, afinal, somos especialistas nesse investimento. Então, podemos afirmar que, para a sua reserva de emergência, procure outras aplicações, como, por exemplo, CDBs, Tesouro Direto e Fundos de Investimento com prazos de resgate curtos.
Entendido o que é a reserva de emergência, vamos agora ver, caso a caso, se é a hora certa para você sacar a sua.
Tenho dívidas vencendo mas as contas básicas eu consigo dar conta
Neste momento de crise é fundamental fazer uma lista de todas as despesas familiares e cortar tudo que não for essencial. Dívidas com TV por assinatura, serviços de streaming ou academia, por exemplo, se tornam supérfluas e podem ficar pendentes por ora. Foque em pagar apenas as dívidas que são essenciais, ou seja, aquelas que garantem alimentação, água, gás e energia elétrica.
Até mesmo as dívidas com moradia, que segue essencial, como aluguel, condomínio e prestação da casa própria, por exemplo, podem ser negociadas.
E busque quitar, também, as dívidas com cartão de crédito, as quais possuem juros bem mais elevados e que, se fugirem ao controle, poderão se tornar uma bola de neve interminável. Mas atenção: quitar as dívidas não significa liberar limite e fazer mais gastos com o cartão de crédito. Se sua renda foi abalada pela crise, suste imediatamente o uso do cartão.
Se a sua renda conseguir manter essas contas básicas em dia, não se preocupe tanto com as demais dívidas vencendo. Siga em frente sem sacar a sua reserva de emergência e espere a retomada da economia e da sua renda para negociar as dívidas no futuro.
Minhas dívidas estão se acumulando a mais de um mês
O segundo exemplo que vamos utilizar é um clássico destes tempos de crise, e que pode ser a sua realidade assim como está se tornando a de grande parte dos brasileiros que foram impactados financeiramente pela pandemia: ficou desempregado ou teve sua renda familiar reduzida e está vendo suas dívidas se acumularem sem conseguir quitá-las.
Diferentemente do exemplo anterior, onde você consegue dar conta das despesas básicas, vamos agora supor que até mesmo os boletos da energia elétrica e do fornecimento de água estejam atrasando, e você esteja sendo obrigado a recorrer ao cartão de crédito para garantir a alimentação da família.
Neste caso, a reserva de emergência cai como uma luva, e você pode sim fazer uso dela caso essa seja a sua situação.
Mas, atenção: sacar a reserva de emergência pode dar aquela falsa sensação de estar com dinheiro no bolso. Muito cuidado! Reserva de emergência existe para que você consiga se manter no momento de crise. Logo, não deixe de rever as contas e cortar os supérfluos.
Sua reserva de emergência não deve ser usada, por exemplo, para pagar a mensalidade da academia, a TV por assinatura ou outras despesas que você pode simplesmente cortar por não serem de primeira necessidade.
Estou pensando em recorrer a empréstimo para pagar as contas
Nesse terceiro exemplo, trazemos algo que, certamente, quem perdeu ou teve sua renda abalada por conta dessa crise já pensou. Especialmente se você é um micro ou pequeno empresário e teve que fechar as portas ou reduzir a produção neste período, a ideia de recorrer a empréstimos para manter a empresa minimamente ativa sempre surge.
Se você não é um empresário, fuja dos empréstimos, afinal, você não sabe quando começará a ter renda novamente para quitá-lo. A menos que você não tenha uma reserva de emergência que lhe garanta as despesas básicas.
Neste caso, sendo a sua única alternativa, busque empréstimos pessoais, com familiares ou amigos, que vão entender mais facilmente a sua situação e não vão te cobrar juros por essa ajuda.
Não sendo possível, e você necessite recorrer a instituições financeiras, tente primeiramente o empréstimo consignado, que tem juros mais baixos.
Já se você for mesmo um empresário, as linhas de crédito são mais fartas, embora a burocracia esteja emperrando muitas dessas linhas. O importante é usar essa alternativa com absoluta moderação. Pegue emprestado somente o essencial para manter o negócio, e negocie sempre com o seu gerente condições melhores para você.
Fiquei desempregado mas surgiu uma oportunidade de negócio
A gente sempre ouve muito falar que nas crises é quando surgem também grandes oportunidades, não é mesmo? Afinal, em momentos de crise, as pessoas são obrigadas a se reinventar e estimular a criatividade para conseguir seguir em frente.
Nesses momentos, muitas pessoas são, de fato, desafiadas a recomeçar. Outras, são convidadas a entrar em uma sociedade ou negócio. A primeira coisa a fazer, é avaliar o seu caso.
Se você está pensando em empreender por necessidade ocasionada pela crise, sugerimos recorrer a especialistas em empreendedorismo que existem justamente para lhe ajudar, como o Sebrae, por exemplo.
Se, após ouvir o que eles têm a dizer sobre sua ideia de negócio, você seguir entendendo que essa é uma oportunidade, e que isso vai lhe gerar renda imediata para ir se virando durante a crise, usar a reserva de emergência para abrir o seu negócio pode ser uma boa solução.
Por outro lado, se você recebeu uma proposta de entrar em alguma sociedade ou negócio, fique ainda mais atento. Desconfie sempre se a oportunidade parece boa demais para ser verdade.
Geralmente, esses negócios “bons demais para ser verdade” exigem um investimento inicial. Aí você se empolga e saca a reserva de emergência. Mas aí, o negócio necessita de um certo período para começar a dar retorno, e você fica sem a reserva de emergência, sem o retorno do negócio, e ainda com as dívidas se acumulando.
E essa regra vale tanto para “negócios bons demais para ser verdade” quanto para “investimentos bons demais para ser verdade”. Aliás, sobre isso, nós já publicamos um artigo há algum tempo chamado Efeito Halo: Não acredite nos "milionários" da internet. Dê uma olhada e entenda como esses “negócios de ocasião” chamam a nossa atenção.
E aí, conseguiu identificar se está no seu momento de utilizar a sua reserva de emergência? Esperamos ter ajudado. Caso você tenha outra situação em que está pensando em utilizar a sua reserva de emergência que não as descritas neste artigo, mande sua dúvida para a gente.
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